sábado, 16 de abril de 2022

Alguns pensamentos sobre suicídio

Sim, eu já tentei, três vezes. O medo de sobreviver e ficar pior me impede de novas tentativas, porém a vontade nunca desapareceu.

Me sinto frustrada, nem me matar sou capaz, quando vejo notícia de quem consegue, admiro muito e compreendo perfeitamente o sentimento.

Escrevo esse post em plena consciência, não estou em crise. Totalmente realista, falo sem qualquer pessimismo e negatividade, também sem intensidade e com total clareza, portanto não são pensamentos carregados por uma visão doente.

Então, existem vários problemas de saúde mental deturpando a cabeça das pessoas, conduzindo ao ato extremo sem possibilidade de compreensão para outras saídas e alternativas sem ser tirar a própria vida.

Agora o ponto que quero chegar, o meu caso específico. Tenho pensamentos suicidas desde a adolescência e confesso, naquela época era uma medida descabida, falava totalmente sob a ótica borderline. Impulsiva.

Nos dias de hoje é diferente, vamos aos fatos: não tenho família (leia-se: alguém que se importe comigo, me ame e que sentiria minha falta se não estivesse aqui), não tenho amigos, não tenho um amor, não sou útil para a sociedade e o principal, não tenho renda.

Considerando tudo, racionalmente, por qual motivo eu deveria continuar vivendo? Não tenho absolutamente nada, literalmente. 

Pelo contrário, minha existência causa dor e infelicidade.  Minha presença incomoda, atrapalha, gera gastos, somente coisas ruins, para os outros e para mim mesma.

Perante tudo isso, não seria melhor para tudo e todos se eu morresse? Porque não tenho esse direito, essa escolha?


quarta-feira, 2 de março de 2022

Motivo de escrever


Durante minha adolescência tinha o costume de escrever poesias sempre quando estava mal para desabafar, aqui no blog cheguei a publicar alguns textos com o mesmo intuito.

Não sei o motivo, mas em algum momento comecei a ter dificuldades com a escrita, a necessidade de colocar tudo para fora se mantém, entretanto não consigo mais me expressar com as palavras.

Certa vez decidi fazer o caminho oposto, em vez de escrever nas tristezas, iria começar a registrar as felicidades. Até imaginei reler quando estivesse ruim para tentar melhorar.

Registrar coisas boas acabou não dando certo, sem pessimismo, a realidade: nada de bom acontecia e portanto parei de vez.

Hoje, sem amigos para jogar conversa fora, me distrair e ter apoio, a vida se tornou muito mais pesada e difícil.

Logo, precisava encontrar alguma maneira de externar meus sentimentos para não explodir, decidi então voltar a postar por aqui, mesmo não conseguindo entregar algo mais poético, inspirador, bonito ou para mexer de alguma forma se alguém for ler...

Simplesmente minha válvula de escape, caracteres jogados ao vento completamente sem nenhuma pretensão, somente para não surtar guardando tudo para mim.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Minhas irmãs

 

Tenho duas irmãs mais velhas, geração diferente da minha, fator contribuinte para a dificuldade na relação nos últimos tempos.

Sempre valorizei muito a família, elas eram tudo para mim. Cresci muito apegada, admirava cada uma nos detalhes, era difícil não estar perto delas.

Por essa grande diferença de idade, enquanto elas estavam casando, eu ainda era uma criança. Corta para a pré-adolescência e eu sofri abusos sexuais dos maridos das duas.

Sofri bem mais pelo fato de ter acontecido na família feliz e perfeita, sofri porque atingia as minhas irmãs, me calei porque não queria trazer sofrimento e destruição. Não queria ser a culpada.

Pensei ter conseguido lidar muito bem com tudo, os anos passaram, tinha alguns sinais como: constantes pensamentos suicidas, automutilação, baixa autoestima, insegurança e sofrimentos intensos, mas pensava que eram só características minhas, talvez uma fase da adolescência.

Somente na vida adulta recebi o diagnóstico de borderline e ao pesquisar sobre o transtorno comecei a identificar e compreender, o quanto destruiu minha vida e minhas relações.

As irmãs ficaram sabendo dos abusos e abusadores em momentos diferentes, não houve acolhimento.

Não consigo falar sobre minha saúde mental porque elas têm o pensamento de antigamente, do tipo: depressão é falta de força de vontade, frescura... 

Querem que eu me cure, procure ajuda, mas não percebem que o tratamento delas contribui muito para o meu atual estado que é viver de crise em crise.

Vivo num ambiente extremamente tóxico, já tive vergonha de falar sobre tudo isso, mas agora mais consciente sobre tudo prometi nunca mais me calar e falar sempre que tiver oportunidade.

domingo, 27 de fevereiro de 2022

O borderline destruiu minhas amizades


"Do terceirão para a vida", é meme, mas para mim era real. 

Eu tinha um amigo, acreditava e cuidava para a nossa amizade ser para até o fim dos meus dias. Não era exagero, era muito especial para mim. Inclusive tem post sobre ele aqui no blog... 

Tive mais um outro amigo, esse foi da internet para o offline, mesmo morando em cidades diferentes conseguimos quebrar a barreira, ele fazia a minha vida mais alegre. 

Amigas recentes, se tornaram como velhas companheiras, tudo tão intenso e cheio de sentimento. 

O que todos têm em comum? 

Além de parte da minha vida, era disposta a fazer tudo por eles e nossa amizade, mas o borderline, o medo do abandono, despertou crises. 

Ninguém soube lidar, compreender, era o borderline gritando. É momentâneo, é impulsivo, é destrutivo. 

Não é algo para se desistir de alguém, é preciso compreensão e paciência para lidar com minhas inseguranças. Meus esforços de mostrar sobre o transtorno para aprenderem e identificarem, foi em vão. 

Perdi minhas amizades e embora sinta falta, sei que qualquer relacionamento precisa ser uma mão de via dupla, cada um precisa ceder e depositar a mesma quantia. 

Somente eu cedia, depositava a maior quantia, corria atrás, pedia desculpa, nada orgulhosa e disposta a dar o braço a torcer, mas estava só nessa e por isso, mesmo amando cada uma dessas pessoas, deixei ir. 

Solidão, dor, saudade, mas consciência tranquila, se não desejam minha amizade e meu amor, não há mais nada a fazer.

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